Antes mais rico, Brasil tem agora 12% do PIB chinês e 56% do indiano

Em 40 anos de democracia, o Brasil viu o tamanho do seu PIB (Produto Interno Bruto) ser ultrapassado e se distanciar de outros emergentes, como a China e a Índia, que já foram considerados países de Terceiro Mundo.

O PIB nominal do Brasil era de US$ 769 bilhões em 1995, superior ao da China (US$ 735 bilhões) no período. Foi a última vez que a economia brasileira ficou à frente do país asiático em termos nominais. De lá para cá, a produção do Brasil cresceu e atingiu US$ 2,18 trilhões em 2024. Na China, avançou para US$ 18,27 trilhões, a 2ª maior economia global.

O efeito foi similar com a Índia. A última vez que a economia brasileira foi maior que a da Índia foi em 2013. A produção do país asiático foi de US$ 3,89 trilhões em 2024. O PIB brasileiro equivale a 56% do PIB indiano atualmente.

PIB DO BRASIL

Levantamento do economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, a pedido do Poder360, mostrou que a economia brasileira cresceu 167% no acumulado de 1985 a 2025. A China cresceu 17 vezes mais. A Índia, 6 vezes mais. O estudo foi feito com base na metodologia PPP (paridade do poder de compra, na sigla em inglês), quando se usa a taxa de câmbio como referência para comprar a mesma quantidade de bens e serviços em cada país.

“O processo de hiperinflação ao final dos anos 1980 e que prevaleceu por metade da década de 1990 derrubou o PIB brasileiro e resultou do forte processo de concentração de renda como vemos hoje. A derrocada do PIB brasileiro foi tão grande desde a década de 1990 que, atualmente, o PIB do Brasil representa apenas 12% do PIB da China e 56% do PIB da Índia”, declara o economista.

A China teve expansão de 2.933% no período, enquanto que a Índia teve alta de 1.007%. O crescimento do Brasil ficou abaixo das taxas da Coreia do Sul (736%), da Turquia (533%), da Austrália (239%) e dos Estados Unidos (190%).

Na América Latina, O Brasil teve um desempenho pior que o de 13 países. Ficou à frente de El Salvador (164%), Nicarágua (160%), México (126%), Argentina (110%), Suriname (77%) e Venezuela (-37%).

POLÍTICAS DE LONGO PRAZO

Agostini diz que o desempenho do PIB brasileiro foi “fraco” na última década por causa de “políticas econômicas equivocadas, com foco no populismo político”. Ele avalia que autoridades, principalmente do governo federal, tiveram preocupação com a manutenção do poder, sem se concentrar numa política sustentável que pudesse oferecer prosperidade econômica e social.

“Enquanto os países da Ásia têm foco no longo prazo, com políticas econômicas focadas na atração e realização de investimentos, no Brasil o foco sempre é no curto prazo e, geralmente, no período de gestão de 4 anos, fato que gera, recorrentemente, desequilíbrios na execução da política fiscal e, por consequência, efeitos colaterais negativos na economia como inflação e juros em alta, com redução do poder de compra e mais concentração de renda”, diz o economista.

Agostini defende que, se os gestores públicos não mudarem o “plano de voo” em relação a políticas econômicas com foco nos investimentos e retornos de longo prazo, o Brasil estará “fadado a continuar com medíocres índices de crescimento do PIB e da renda nacional”.

O economista avalia que, sem mudanças, as diferenças sociais acentuam a situação de vulnerabilidade juvenil que se transformarão em maiores taxas de violência.

“Basta ver o comparativo entre carga tributária e IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), que no Brasil tem uma carga de aproximadamente 33% e um IDH de 0,76, enquanto países da Ásia têm carga tributária média de 28% e IDH de 0,92. Ou seja, há melhor eficiência na alocação de recursos públicos nesses países que fazem a diferença nas áreas de educação, saúde, segurança e gestão empresarial”, diz Agostini.

Fonte: Poder 360

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